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domingo, abril 23, 2006

A maior insconsciência do homem é a sua própria vida...

«Olha bem para tudo o que se encontra à nossa volta: a fúria da água, o desprendimento da terra, as montanhas que dominam a paisagem, as árvores, a luz que se diverte a cada minuto do dia a mudar de intensidade e de cor, os pássaros que esvoaçam sobre as nossas cabeças, os peixes que tentam escapar às gaivotas, enquanto apanham outros peixes. Há toda esta harmonia de ruídos, o das vagas, o do vento, o da areia; e depois, no meio deste concerto incrível de vidas e matérias, estás tu, eu e todos os seres humanos que nos rodeiam.

Quantos deles verão o que acabo de te descrever? Quantos se aperceberão, todas as manhãs, do privilégio de acordar e ver, sentir, tocar, ouvir, experimentar?

Quantos serão capazes de esquecer momentaneamente os seus problemas para se deleitarem perante este espectáculo inolvidável?

Não há dúvida de que a maior inconsciência do homem é a sua própria vida.

Tu tens consciência de tudo isto porque estás em perigo, o que faz de ti um ser único: precisas dos outros para viver, porque não tens possibilidade de escolha. Portanto, e para responder à pergunta que não cessas de me fazer há tantos dias, se eu não correr riscos, toda esta beleza, toda esta energia, toda esta matéria viva se tornaria definitivamente inacessível para ti. É por isso que procedo assim, conseguir trazer-te de novo ao mundo confere sentido à minha vida. Quantas vezes na vida terei oportunidade de fazer algo de essencial?»

"Enquanto estiveres aí", Marc Levy, (pp. 99/100)

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