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sexta-feira, janeiro 05, 2007

Cheguei a ter medo...

Cheguei a ter medo de te perder,
tu não chegaste sequer a ter medo.
Este silêncio de já não termos palavras
ouve-se nas outras palavras que trocamos.

Miserável mundo nosso e alheio,
igual ao que todos disseram da sua época,
e pior, porque este vivemos nós
e conhecemos nós, cada um conforme pode.

Já morrerram os ídolos tods da infância
e os da adolecência vão a caminho,
sobrevivente é o teu olhar cego
(hoje já só há um dos Righteous Brothers).

Na feira de velharias uma caixa
para tabaco com uma roca verde.
Tem o preço ainda em escudos, uma falha
num dos cantos, uma pequena cruz de cal.

Permaneces aí, à lareira, lendo livros vivos
e o seu turbilhão de palavras profundas.
Nunca mais chega o medo de nos perdermos,
eco um do outro em ricochete de silêncios.

Helder Moura Pereira

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